149. Paola Picherzky: “Pinheirada”

Em seu mestrado, Paola Picherzky tratou de um violonista nem sempre lembrado pelos amantes do instrumento: Armando Neves, conhecido como Armandinho. Nascido em Campinas, por algum tempo chegou a dividir seu tempo entre o violão e o futebol, inclusive vindo a jogar, por um curto período, em meu Corinthians. Infelizmente o músico, nascido em 1902 e morto em 1976, deixou poucas gravações e não escrevia partituras. Porém, convivia com um círculo de admiradores, que transcreveram grande parte de suas criações. Assim, após estudar e periodizar o material, Paola pôde registrar, em seu primeiro álbum (de 2004), 18 choros de Armando Neves – que, aliás, é o próprio título do disco. Sozinha ao violão, a musicista executa com perfeição os choros que Armandinho compôs entre 1925 e 1973, todos belíssimos e dignos de um resgate. O fato de a maioria deles não possuir título (sendo apenas “Choro nº 1”, “Choro nº 2”, “Choro nº 3” e assim por diante) torna difícil a missão de traduzir em palavras seu significado. Ao mesmo tempo, isso nos convida a uma escuta mais contemplativa, e menos intelectualizada, desse músico que teve amigos do porte de Garoto e João Pernambuco. Este, aliás, é parceiro de Armandinho em duas composições de 18 choros de Armando Neves, “Serrano” e “Pinheirada”, que é nosso tema de hoje. Outros destaques são a bela homenagem a outro mestre do choro, “Recordando Nazareth” (cuja parte B é mais que maravilhosa), além de “Doloroso” (que tem um sabor mais de nostalgia do que de lástima).

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