Prólogo 1. Milton Nascimento e Lô Borges: “Lília”

Enquanto este blog não começa “oficialmente” em 2024, farei, ao longo de 2023, algumas postagens avulsas, que serão nossos Prólogos.

O primeiro deles é o tema “Lília”, composto por Milton Nascimento e apresentado no clássico Clube da esquina (1972), disco que assina junto com um então jovem e inexperiente Lô Borges. Não constará na lista oficial do 365 Temas Instrumentais Brasileiros porque uma canção do mesmo álbum, “Cais”, já foi abordada no 365 Canções Brasileiras, inclusive abrindo aquele meu projeto de 2019.

Trata-se de uma das duas faixas instrumentais do álbum, a outra sendo “Clube Da Esquina nº 2” (a rigor, um tema vocal-instrumental). Milton a compôs para sua mãe adotiva, a própria Lília. Não tendo palavras para expressar o amor por ela nessa homenagem, fez da faixa um tema do tipo “isso não dá pra pôr letra” (nas palavras de Márcio Borges à p. 264 de Os sonhos não envelhecem: histórias do Clube da Esquina, 8ª ed., São Paulo: Geração Editorial, 2013).

Curiosamente, “Lília” é a única composição solo de Bituca no disco. A fórmula de compasso é incomum (5/4) e a condução é dada pelo violão de Milton, que passeia por acordes mais ou menos próximos do campo harmônico de Lá Menor. Mas o destaque mesmo é o órgão de Wagner Tiso, que praticamente estabelece o motivo da obra. Seguindo uma espécie de orientação tácita em Clube da Esquina, há instrumentistas que não estão em seus instrumentos principais, caso de Nelson Angelo, Toninho Horta e Beto Guedes, que, em vez das guitarras, tocam percussão na faixa.

Bituca insistiria em reproduzir esse intrigante tema, ao vivo, nos anos seguintes. No show de celebração de seus 70 anos, ele mostra que “Lilia” é, afinal, um jazz:

Mais ou menos na mesma época, a obra recebeu releituras de Marco Lobo e de João Bosco – e a gravação deste último mineiro (e também grande compositor e intérprete) você confere abaixo:

E não se acostumem com posts tão extensos; neste 365 Temas Instrumentais Brasileiros, quero experimentar textos mais concisos, com um quê mais de resenha do que de crônica.

2 replies to “Prólogo 1. Milton Nascimento e Lô Borges: “Lília”

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