Ao lado do Quinteto Armorial, a Orquestra Armorial é o outro braço sonoro do Movimento Armorial. Mas, diferentemente da formação camerística do Quinteto, a Orquestra buscava conduzir as expressões musicais da cultura nordestina para ares mais sinfônicos, legando uma discografia curta, porém, obrigatória, da qual destaco o álbum autointitulado de 1975. Nele, formações orquestrais de cordas fazem as vezes de rabecas e de pífanos – que, de toda forma, também estão presentes, vide a faixa “Pífanos Em Dobrado”. Além de um “Galope” (este, tema do maestro Guerra-Peixe, figura fundamental para a Música Armorial), um “Aboio” e os “Repentes”, uma faixa chama muito a atenção e é o tema de hoje: “Nordestinados”. Talvez o único número solo do álbum, trata-se de uma espécie de cantata de viola sertaneja, mas transcrita para o cravo, tocado por Dolores Portella Maciel. Composta por quatro seções mais uma coda, sugere um parentesco tímbrico entre o instrumento típico da música barroca europeia e o instrumento típico do semiárido brasileiro. Além de “Nordestinados”, Orquestra Armorial (cuja capa foi desenhada por Ariano Suassuna, que ainda assina uma espécie de release-manifesto no encarte) traz outras faixas de rara beleza, como o já mencionado e emocionante “Aboio” e o “Kyrie” – este, uma síntese das sonoridades exploradas em todo o álbum, com cordas, flautas, berimbau, cravo e um coro de arrepiar –, ambas da lavra do grande condutor do disco, o maestro Cussy de Almeida, que também compôs nosso tema do dia.
Cara, que doidera, parece aquelas trilhas de videogame 16bits
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Acabou ficando com essa sonoridade mesmo. Talvez se fosse gravado hoje, o timbre soaria diferente!
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