59. Degas/Salazar: “Pulo Do Gato”

O segundo registro de Jorge Degas e Marcelo Salazar, Muxima (1987), é um interessante encontro desse duo pouco usual (respectivamente, um baixista e um percussionista), unido para construir um espetáculo em que o virtuosismo, ainda que não seja seu elemento principal, tampouco é desprezado. Isso fica muito claro na faixa de abertura e já nosso tema de hoje, “Pulo Do Gato”, composta pela própria dupla, e que não me admiraria se fosse um improviso. Nela, os músicos invertem os papeis: Degas maltrata (no bom sentido) o baixo, fazendo dele um instrumento percussivo, com impressionantes sequências de slaps; e Salazar não apenas fornece a base pulsante, mas explora também diferentes alturas e intensidades no som de seus tambores. O disco ainda tem uma versão para a clássica “Ponta De Areia”, de Milton Nascimento e Fernando Brant, em que o motivo principal da melodia é apenas o mote que se abre para uma jam quase jazzy; “Triste”, de Tom Jobim, em que Degas faz do baixo um violão joão-gilbertiano (e a faixa soa como um contraponto à “Felicidade”, de Degas e Salazar, um alegre samba alocado no começo do álbum); e “Rio Negro”, parceria de Degas com Paulo Moura.

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