143. Lucas Santtana: “Super Violão Mashup”

Em 2009, Lucas Santtana, já consolidado como cantor, compositor e instrumentista, resolveu inovar com um disco de… voz e violões. Não, não é ironia: Sem nostalgia é mesmo inovador, até porque sua proposta parece ser a de impulsionar a bossa nova para ares contemporâneos, evitando lugar comum – por exemplo, as manjadas fusões a música eletrônica. Eletrônico é sim o disco, mas não no sentido usual, por experimentar com a gravação e a mixagem de diversos timbres tirados ao violão, dos acordes e dedilhados aos sons percussivos. Embora algumas canções, especialmente as cantadas em inglês, apenas ecoem um aborrecido Caetano (“Hold Me In” e “Nighttime In The Backyard”, que apesar de tudo, possuem harmonias nada convencionais, sendo minimamente curiosas), o resultado é interessantíssimo e rende momentos excepcionais – como “Who Can Say Which Way”, o delicioso quase-hit “Cira, Regina E Nana” (mais tarde, regravado como um brega por Jaloo, com participação do próprio Santtana) e o samba “Amor Em Jacumã”. Interessa-nos, especialmente, que Sem nostalgia traz nada menos do que quatro temas instrumentais, dificilmente enquadráveis em qualquer gênero. Dois deles resultam de montagens com gravações de outros grandes violonistas da canção popular brasileira, incluindo Baden, João Gilberto e Jorge Ben: a abertura, “Super Violão Mashup” (composta por Santtana com Gustavo Lenza e Lucas Martins), cujo pulso contagiante me faz tomá-la como tema de hoje; e “O Violão De Mario Bros” (em parceria com João Brasil), que lembra mesmo a trilha de um videogame, mas também é inclassificável. Já “Recado Para Lobato” é um experimento com a captação do som em estúdio, resultando numa “quase cumbia eletro-acústica”, na falta de descrição mais apropriada. Por fim, e encerrando o álbum, está a “Natureza nº 1 em Mi Maior”: aproveitando que a faixa anterior, “Ripple Of The Water (Para Nana)”, foi gravada no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, incluindo diversos sons de natureza, suas cigarras, grilos e afins são embalados em solitários acordes ao violão – e o tema talvez seja o mais próximo que Lucas Santtana, em sua diversificada discografia, tenha chegado da new age. Em resumo, apesar do repertório um pouco irregular, Sem nostalgia, original e imprevisível, merece uma escuta atenciosa.

“Super Violão Mashup” depois ganharia dois remixes oficiais. O primeiro…:

…e o segundo:

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