156. Choro & Companhia: “Catrapus”

No embalo das comemorações do sesquicentenário de Ernesto Nazareth, o Choro & Cia. preparou um álbum de imenso valor estético e documental. Nazareth: fora dos eixos (2013) flagra o regional – Amoy Ribas (percussão), Ariadne Paixão (flauta), Fernando César (violão de sete cordas) e Pedro Vasconcellos (cavaquinho) – dando vida a 11 composições raras de Ernesto, algumas delas, então, inéditas. O tema que tomo, deste álbum, é “Catrapus”, obra pela qual me apaixonei à primeira vista, quando a escutei num arranjo nada pianístico de Ronaldo do Bandolim. Na versão do Choro & Cia. para esse quase desconhecido galope de Nazareth, a melodia é dividida entre a flauta e o piano, pelas mãos do convidado Alexandre Dias (que também colaborou na pesquisa do repertório). Mas há outras joias nessa célebre antologia, com destaque para a suíte “Polonesa”, uma incursão de Nazareth, admirador de Chopin, no mundo erudito; o tango brasileiro “Jangadeiro”, com o toque da marimba de Ribas, além da participação de Hamilton de Holanda no bandolim; “Segredos Da Infância”, bela valsa que, já nos seus segundos iniciais, demonstra a ousadia do conjunto, ao levar o som do vibrafone (também pelas mãos de Ribas, o arranjador desta e de outras faixas do disco) para o universo do choro; “Mariazinha Sentada Na Pedra!”, samba que originalmente possuía letra (do próprio Nazareth), com imprevisíveis flutuações nos âmbitos do andamento, da dinâmica e da harmonia; e “Matuto”, outro maxixe cuja releitura vai além da mesmice, sendo marcada, dessa vez, pelo rasqueado da viola caipira de Roberto Corrêa. Uma bela homenagem não só a Ernesto Nazareth, mas ao próprio choro.

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