89. Alexandre Dias: “Encantador”

É de imenso valor documental o conjunto de gravações que o pianista Alexandre Dias apresenta em Músicas raras de Ernesto Nazareth (2013), em homenagem aos 150 anos de nascimento do músico e compositor. Trata-se não de um álbum, mas de uma obra em cinco volumes, totalizando 69 composições pouco gravadas ou inéditas. O trabalho chama a atenção por registrar outros ângulos de Ernesto, um pianista muito mais poliédrico que sua faceta chorona, bem-conhecida, dá a entender. Gosto, principalmente, dos temas que explicitam sua afeição por Chopin – não por acaso, o volume 3 registra um belíssimo “Noturno”. Aliás, falando nos volumes, seguem meus três destaques em cada um deles: 1) “Beija-Flor”, “Celestial” e “Cuéra” (além de “Catrapus”, que em breve traremos a este blog); 2) “Encantador”, “Êxtase” e “Fantástica”; 3) “Ideal”, “Mágoas” e “Marcha Fúnebre”; 4) “Noturno”, “O Alvorecer” e “Orminda”; e 5) “Polca Para Mão Esquerda”, “Polonesa” e “Quebra-Cabeça”. Como tema de hoje, escolho o “Encantador”, legítimo tango brasileiro do volume 2. Nessa peça, a primeira parte traz o desenho de uma melodia séria, e algo soturna, na mão esquerda, enquanto os acordes pulsam pela mão direita. Não deixe de notar (neste tema e em todos os demais espalhados pelos cinco volumes) a forma como Alexandre delineia a dinâmica e sutis mudanças no andamento. Nazareth ficaria brioso!

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