Prólogo 9. Skank: “Poconé (Remix)”

No 365 Canções Brasileiras, há aproximadamente quatro anos, falei de “Sem Terra”, uma de minhas faixas favoritas do terceiro álbum do Skank, O samba poconé (1996). O disco estourou de norte a sul, à época em que foi lançado, e consolidou a identidade musical do conjunto mineiro – que juntava ritmos jamaicanos com música regional brasileira, mais um tiquinho de latinidade. Muito espertamente, e para a alegria dos fãs, a Sony Music preparou uma edição comemorativa dos 20 anos do lançamento (evento raríssimo em nosso país… atenção, gravadoras, tem muita coisa boa por aí que pode e deve ser relançada!), remasterizando o CD original e trazendo uma porção de faixas bônus. Foram incluídas versões demo, ensaios e remixes, além de “Minas Com Bahia”, canção que o Skank ensaiava introduzir em O samba poconé, mas acabou indo parar mesmo em Feijão com arroz, ótimo álbum de Daniela Mercury que também estourou (e como!) naquele 1996. A tosquice das demos, e principalmente, dos ensaios (em que algumas canções surgem em estágios embrionários, com andamentos e instrumentações muito diferentes de seus registros finais), convive com mostras da versatilidade de Samuel Rosa e companhia – por exemplo, apresentando três versões do hit “É Uma Partida De Futebol”, todas muito diferentes entre si, e penso em como deve ter sido difícil, para o quarteto, escolher a única que entraria no CD original. O Skank nunca foi uma banda muito ocupada com números instrumentais; sua discografia registra apenas sete faixas dessa natureza, sendo que quatro delas estão nesse relançamento de 2016: a animadíssima versão ska para “É Uma Partida De Futebol”; “Eu Disse A Ela”, um (b)reggae que já não funciona tão bem sem os vocais de Samuel e, principalmente, sem o coro feminino que acompanha o registro original; “Sul Da América”, talvez minha predileta, mas que também soa um tanto vazia como instrumental; e nosso tema de hoje, “Poconé (Remix)”. Como já declarou o vocalista do conjunto, Poconé não é apenas um município de Mato Grosso, mas também um gênero musical daquele estado, que une forró a música eletrônica. Pois “Poconé”, a faixa, mesmo em sua versão original, já soava como uma eletro-embolada ska/rock. Já no remix, a batida eletrônica ganha proeminência na composição de Chico Amaral, líder do naipe de metais, que inclui também Nailor Proveta e Teco Cardoso, limado da versão. Mas a participação de Toninho Ferragutti no acordeom foi mantida. No ano que vem, este 365 Temas Instrumentais Brasileiros deve trazer postagens sobre todo esse pessoal: Nailor, Teco, Ferragutti e o próprio Skank.

Abaixo, “Poconé” em seu registro original, fechando com chave de ouro o mais bem-sucedido álbum do quarteto de Belo Horizonte – que, no próximo domingo, promete fazer seu último (último mesmo?) show:

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