Prólogo 15. Robertinho de Recife: “Bicho De Sete Cabeças”

Nosso último prólogo foi sobre Zé Ramalho, e neste, continuamos falando da obra desse incrível paraibano.

O tema de hoje é “Bicho De Sete Cabeças”, composta por Zé em parceria com Geraldo Azevedo, e na versão de Robertinho de Recife. O guitarrista e produtor pernambucano a registrou em Avôhai 40 anos – releitura pop rock (2018), disco-tributo que celebrou o primeiro lançamento solo do compositor de “Vila Do Sossego”, “Chão De Giz” e outros clássicos, devidamente revisitados nessa interessante homenagem. O elenco do disco inclui artistas pouquíssimos conhecidos, da cena roqueira contemporânea do Brasil, além de nomes do universo familiar e afetivo do homenageado, casos de seus filhos João e Linda Ramalho (que releem, respectivamente, os lados-B “A Noite Preta” e “Voa Voa”), além, é claro, do próprio Robertinho, que tantas vezes o acompanhou e produziu. Quanto à versão para “Bicho De Sete Cabeças”, trata-se de uma translação, tão bem-realizada quanto possível, desse tema já mestiço – com sua melodia mourisca sobre a harmonia e pulsação choronas – para o universo do power metal.
Em 2024, falaremos mais de Robertinho por aqui, mas, antes de encerrar o post, vale a pena tratar de demais versões para esse clássico tema instrumental brasileiro.
A primeira teria que ser, obviamente, a original de 1978:

A primeira regravação oficial do tema, por Zé Ramalho, foi na Antologia acústica (1997). Um texto de Zuza Homem de Mello, no caprichadíssimo livreto do encarte, traz informações também sobre o registro original acima:

“A única faixa instrumental álbum [Antologia] é essa música também gravada sem letra no primeiro disco de Zé, com o parceiro Geraldo e Arnaldo Brandão nos violões, além do então percussionista Bezerra da Silva. Foi mantido o andamento de samba-choro, que reflete o prazer dos 2 instrumentistas que são originalmente Zé e Geraldinho. Contudo, deu-se agora uma atmosfera flamenca. Feita na mesma época de “Táxi Lunar”, seu título original era “Dezesseis Cordas”, a soma das 10 cordas da viola (Zé) e das 6 do violão *Geraldinho”. O novo título surgiu quando Renato Rocha fez a letra, que seria gravada em 1979 por Geraldo Azevedo”.

Escute essa belíssima releitura acústica:

Falando em Geraldinho, não deixe de ouvir sua magnífica versão registrada em Ao vivo comigo (1994), que destila da composição todo o seu conteúdo de violão clássico, de quebra, mostrando ao público o virtuosismo do músico ao violão solo:

E ainda no âmbito das apresentações ao vivo, mais recentemente, o selo Discobertas encaixotou três CDs com raridades setentistas de Zé, em 2017, e um deles traz uma versão para “Bicho De Sete Cabeças” que conta mais pelo registro histórico que artístico; mesmo assim, vale a audição:

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