Prólogo 22. Vital Farias: “Belo Belo”

“Ai Que Saudade D’Ocê” é o grande sucesso de Vital Farias, de que tratei no 365 Canções Brasileiras. Ali, falei pouco do álbum em que a belíssima canção se encontra: lançado em 1982, Sagas brasileiras traz dez composições autorais de Vital, algumas (poucas) vezes acompanhado de parceiros. As canções mostram um nordeste que não se reduz a xotes e arrasta-pés, ainda que eles estejam presentes, como se ouve na abertura, “De Um Jeito Natural”, na divertida “Forrofunfá” e, claro, na própria “Ai Que Saudade D’Ocê”. Na verdade, as referências musicais do disco são muito mais amplas e diversas, compreendendo desde o fado (em “Trem Da Consciência”) até a tradição trovadoresca (caso da belíssima “Sete Cantigas Para Voar”, dedicada a Elba Ramalho). Mas os destaques, mesmo, são as três sagas que Vital apresenta, impondo certo caráter conceitual ao LP, a “Saga De Severinin”, a “Saga Da Amazônia” e a “Saga Do Boi Mamão”. Instrumentalmente apoiadas no violão de Vital, cada uma delas conta uma sina diferente: do sertanejo que se vê expulso de sua terra, da mata que é devastada e da tradição cultural que vive a embalar a tristeza do povo. Completa o repertório de Sagas brasileiras um tema instrumental, que trago para esta série de prólogos: “Belo Belo”, praticamente uma peça de violão clássico, magnífica. Aliás, que geração incrível essa de cancionistas nordestinos virtuosos nas seis cordas: Vital, Geraldo Azevedo, Elomar e Xangai… e não é por acaso que, juntos, acabariam lançando outros dois LPs clássicos, Cantoria 1 e Cantoria 2, em 1984 e 85, mas isso é conversa para – quem sabe – outro blog, já que, no 365 Temas Instrumentais Brasileiros, talvez não haja oportunidade de falar novamente deles.

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