6. Trio Curupira: “Guaipéca”

O Trio Curupira, um dos mais felizes encontros de músicos jazzistas brasileiros, lançou em 2016 o álbum Vinte, celebrando duas décadas de existência. A formação, que conta com o baixista Fábio Gouveia, o baterista Cleber Almeida e o pianista André Marques, não se limita à enorme maestria que os músicos exibem nesses instrumentos; isso porque Gouveia é também flautista e Almeida se arrisca na viola. Portanto, o Curupira é, e não é, um trio tradicional. Importa dizer que Vinte colige dez faixas: cada um dos músicos contribui com três composições, restando ainda um presente de ninguém menos que Hermeto Paschoal. O mestre alagoano também participa, com sua flauta, em “Dona Gertrudes” – e, aliás, no embalo do caráter celebrativo do disco, cada faixa conta com uma participação especialíssima diferente, com variados nomes da igualmente diversa cena da música instrumental brasileira. Assim, o baixista Ricardo Zohyo toca na abertura, “Alinhado”; Gabriel Grossi tece lindas melodias, com sua gaita, na faixa seguinte, o “Maracatu De Abertura”; e o bandolinista Hamilton de Holanda, como de costume, quebra tudo em “E O André Me Perguntou”, justamente a composição de Hermeto. Em “Poros”, a seguir, temos Jane Duboc fazendo da faixa um tema vocal-instrumental, enquanto “Mantiqueiros” (óbvia homenagem à Banda Mantiqueira), logo depois, conta com outro baixista, Itiberê Zwarg. No que seria o lado-B de Vinte, além da já mencionada “Dona Gertrudes”, ouve-se “Atado”, com o trombone de Raul de Souza; “Dorin”, em que participa Jota P. no sax tenor; o encerramento, “Quinuêngue”, adornado pela guitarra sempre competente de Arismar do Espírito Santo; e nosso tema de hoje, “Guaipéca”. Composta pelo baterista-violeiro Cleber, a obra – talvez a menos propriamente jazzista do disco, soando quase como canção – traz a participação de Natan Marques, contribuindo com o timbre cristalino de seu violão de 12 cordas e com vocalizações que dobram as frases tanto da flauta de Almeida, quanto de seu próprio instrumento.

Prometo duas coisas para o seguimento deste projeto: que reaparecerão diversos dos nomes aqui mencionados, e que ainda haverá jazz, muito jazz.

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