9. Djavan: “Treze De Dezembro”

Djavan, com Ária (2010), lançou-se como um crooner interessantíssimo, com enormes bom-gosto e coerência. Isso se reflete tanto na seleção do repertório, que representa o melhor da música brasileira, quanto na acertada escolha pelo acompanhamento de uma banda minimalista (que traz o gênio Marcos Suzano na percussão, o argentino Torquato Mariano nos violões e – discretas – guitarras, além do contrabaixista André Vasconcellos; registre-se, também, as participações de Marcos Lobo e Leonardo Reis). O disco não poderia abrir de forma mais brilhante, com “Disfarça E Chora”, de Cartola e Dalmo Castelo. Os tropicalistas também se fazem presentes: Caetano, com “Oração Ao Tempo”; e Gil, com “Palco”, encerrando o álbum com uma das mais belas versões já registradas para esse clássico. Djavan passa também pelo Clube da Esquina, recolhendo a bonita e solar “Luz E Mistério”, de Beto Guedes (aliás, em parceria bissexta com o próprio Caê). De toda forma, são os sambas que se sobressaem, como o abolerado “Sabes Mentir”, de Othon Russo; o metalinguístico “Apoteose Ao Samba” (Silas de Oliveira e Mano Décio); e uma de minhas composições favoritas de Tom e Vinícius, “Brigas Nunca Mais”, que traz, em Ária, Djavan solo, muito à vontade com seu violão. Outra dupla de peso da MPB que comparece é Chico Buarque e Edu Lobo, com a lindíssima “Valsa Brasileira”. São interessantes, também, as composições estrangeiras: a levemente flamenca “La Noche” (Enrique Heredia Carbonell e Juan Jose Suarez Escobar), a elegantíssima “Fly Me To The Moon” (Bart Howard, do repertório de Frank Sinatra), além de “Nada A Nos Separar” (nada menos que “West Of The Wall”, de Wayne Shanklin, e famosa na voz de Toni Fisher), que soa quase como uma marcha-rancho. Importa dizer que o disco traz um único número instrumental, ou melhor, vocal-instrumental: “Treze De Dezembro”, de Luiz Gonzaga (em parceria com Zé Dantas), que lembra de seu próprio aniversário e marca o Dia Nacional do Forró. Em Ária, a composição soa menos como uma ode a Pernambuco, e mais como um número de jazz, com a deliciosa vocalização de Djavan. Sob a pena de cometer um heresia, me arrisco a dizer que essa divertida e classuda releitura é a versão definitiva.

No ano seguinte ao do lançamento de Ária, Djavan prensou uma apresentação da turnê do disco, originando o DVD Ária ao vivo – que traz, novamente, “Treze De Dezembro”, numa versão muito próxima da gravada em estúdio:

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