17. Luiz Avellar: “Começaria Tudo Outra Vez”

Em Piano in Brazil (2012), Luiz Avellar interpreta 13 canções, vertendo-as para temas instrumentais ora mais abolerados, ora numa vertente quase chill out. O disco abre com “Hoje”, sucesso de Taiguara, seguindo-se “Cais”, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos (presente no clássico Clube da esquina, de 1972), e “Trocando Em Miúdos”, parceria de Chico Buarque com Francis Hime. As três dão uma boa mostra do que esperar dos novos arranjos ao longo do disco: em vez de simplesmente converter as linhas melódicas de voz para o piano, praticamente reescrever as canções, inclusive abrindo-as para algumas improvisações jazzísticas. Nas situações em que isso não é feito, e o arranjo original é tratado com muita reverência, o resultado já não empolga tanto – o que acontece, por exemplo, em “Dois Pra Lá, Dois Pra Cá”, clássica parceria de Aldir Blanc com João Bosco, e gravada tanto por este, quanto por Elis Regina. Chama a atenção, também, a presença de dois nomes do rock nacional, embora ambos com composições que já não eram originalmente tão roqueiras assim: “Quase Um Segundo”, dos Paralamas do Sucesso, e “Mania De Você”, de Rita Lee e Roberto de Carvalho. E, como tema de hoje, escolho “Começaria Tudo Outra Vez”, famoso bolero de Gonzaguinha, que aqui é traduzido para uma versão de recital, com apenas o piano de Avellar e os sopros (em sax tenor e flauta) de Zé Carlos Bigorna. O arranjo não é assim tão inventivo, mas comove bastante, até porque, com uma composição tão magnífica, seria difícil obter um resultado diferente – ainda mais quando executada por dois músicos tão experientes e extraordinários.

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