52. Daniel Santiago: “A Barca”

O brasiliense Daniel Santiago ficou conhecido, no âmbito da música instrumental brasileira, por integrar o conjunto Brasília Brasil junto com outros dois grandes músicos, Hamilton de Holanda e Rogério Caetano. Do violão virtuoso, Daniel passou a explorar outros timbres e sonoridades em sua carreira solo, da qual trazemos, hoje, seu quarto título, Union (2018). O disco é marcado por sons elétricos e eletrônicos, apoiando-se sobre etéreas camadas de guitarras e teclados. Há algo de post-rock, mas também de jazz e de ritmos brasileiros. A faixa de abertura, “Caminhada”, bem representa esse mix, com seu pulso que sugere uma espécie de “baião indie rock”. Em outras composições, ouve-se também o vocal de Daniel, acompanhando os fraseados guitarrísticos, como em “Bumbah” e na faixa-título. E se “Mudança” talvez seja o tema mais jazzy, flertando com o samba em seu encerramento, “Eterno Recomeço” é a mais explicitamente eletrônica, soando quase progressiva. No miolo de Union, outra influência se faz ouvir, a da MPB: “Na Beira” é como se Baden ou Gil fossem guitarristas; “Terra Molhada” tem algo de Milton Nascimento, com as guitarras dividindo o protagonismo com o piano de Shai Maestro; e “A Barca”, situada entre essas duas, tem um andamento e uma estrutura que lembram justamente “Clube Da Esquina 2” – e, por isso, mas também por ser uma das faixas mais interessantes, a tomo como tema de hoje. Ao final do disco, uma surpresa: “Valentina” é uma canção, parceria de Santiago com Joana Duah. A propósito, o músico assina todas as composições, dividindo os créditos também em “Caminhada” e “Na Beira” com Pedro Martins, que também pilota alguns teclados, programações e guitarras, além de produzir o álbum.

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