68. Nonato Luiz | Djalma Corrêa | Luiz Alves: “Baião Cigano”

Numa coletânea de temas instrumentais da Caju Music – que lançou álbuns de muita gente mencionada neste blog –, uma das faixas sempre me encantava a cada audição: “Baião Cigano”. Composta pelo violonista cearense Nonato Luiz, foi lançada originalmente no álbum Gosto de Brasil (de 1991… e como gosto desse título!), assinado também pelo percussionista Djalma Corrêa e pelo baixista Luiz Alves. O tal “Baião Cigano” é inexplicável: sim, tem a célula rítmica típica do baião, mas a melodia (vocalizada pela cantora Clarisse Grova, que também participa da faixa “Mangabeira”, e pelo flautista Mauro Senise) tem um desenho curioso, quase barroco, talvez ibérico. É tão linda que merece ser nosso tema de hoje. Mas o álbum vai além. Aberto com duas homenagens a Luiz Gonzaga (com um pot-pourri de clássicos do Rei do Baião na “Suíte Nordestina”, seguida do medley “Estrada De Canindé/Qui Nem Jiló”), o disco desfila um rol de diversificadas e lindíssimas composições de Nonato. Por exemplo, a plácida “Paraty” poderia muito bem estar numa coletânea new age, enquanto “Xangô” é praticamente um afro-samba no melhor estilo Baden Powell (influência nem sempre perceptível no repertório e nas performances de Nonato). Já “Serena/Minha Esperança” tem um quê de moda, seresta, valsa e, afinal, é uma bela peça de violão clássico – assim como “Rubi Grená”, talvez o mais lindo tema de violão solo do álbum. O já clássico “Choro Acadêmico” também se faz presente, antecedendo uma bonita releitura de “Disparada”, de Geraldo Vandré e Theo de Barros. O disco encerra com uma interessante (e até ousada) versão para “Maria Bonita”, tema do domínio público.

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