67. Waldir Azevedo: “É Do Que Há”

Waldir Azevedo (1977) capta um instrumentista maduro e completamente à vontade. O álbum tem 12 faixas, sendo algumas autorais, e o regional que acompanha Waldir é excelente: Hamilton Costa (ciolão), Carlinhos (7 cordas), Pernambuco do Pandeiro (ritmo), às vezes, complementado por Toniquinho (bateria), e Gabriel Bahlis (contrabaixo). Integra o conjunto também Eli do Cavaco, com o qual Waldir tece impressionantes dobras, como em “Magoado” (Dilermando Reis), na célebre “Chão De Estrelas” (Sílvio Caldas e Orestes Barbosa) e na magnífica versão para “Brejeiro” (Ernesto Nazareth). Algumas faixas são extremamente dolentes, tantas as do próprio Waldir (como “Contraste”, em parceria com Hamilton, e “Cavaquinho Seresteiro”), como as de outrem (como o “Choro Negro” de Paulinho da Viola); outras, por outro lado, permitem que o cavaquinista exiba sua rapidez nas palhetadas, casos do tradicional frevo “Vassourinhas” e da homenagem de Garoto à capital paulista, “São Paulo Quatrocentão”, que fecha o álbum. De Garoto há também o clássico “Flor De Abacate”, que parece fazer par com a faixa de abertura, “Flor Do Cerrado”, outra autoral (e na qual, logo de cara, o ouvinte se depara com a exímia habilidade de Waldir, cujo repertório de técnicas inclui palhetadas abafadas, harmônicos e dedilhados, elementos que não se ouve em qualquer choro). Completam o repertório “Pra Esquecer”, outra peça que parece ter sido escrita para o músico se exibir ao cavaco, embora composta pelo violonista Hamilton; e nosso tema de hoje, “É Do Que Há”, de Luiz Americano – e, portanto, cunhada para instrumentos de sopro, mas que soa perfeitamente viável no pequeno instrumento empunhado pelo grande músico carioca.

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