70. Yamandu + Dominguinhos: “Bonitinho”

O ano de 2007 assistiu ao lançamento de um dos álbuns mais esperados pelos amantes da música instrumental brasileira: Yamandu + Dominguinhos. O disco despertava a curiosidade por unir um dos maiores violonistas brasileiros (talvez o melhor de sua geração), o gaúcho Yamandu, com o grande mestre do acordeon (provavelmente, o maior desde Gonzagão), o pernambucano Dominguinhos. A obra coloca os dois músicos muito à vontade, pagando tributo a nomes como Tom Jobim (em “Wave” e numa belíssima versão para “Estrada Do Sol”), Sivuca (com suas famosíssimas “João E Maria” e “Feira De Mangaio” amarradas numa única faixa, sem, contudo, formarem um verdadeiro pot-pourri) e o próprio Luiz Gonzaga (que tem sua “Asa Branca” surgindo como o complemento natural da tradicional “Prenda Minha”, unindo, na última faixa do álbum, dois lamentos de separação e de celebração do verdejar, seja na caatinga, seja no pampa). Além desses compositores, comparecem em Yamandú + Dominguinhos vários chorões – estão lá Abel Ferreira (“Chorando Baixinho”, primeira faixa que escutei, e que já me conquistou de cara), Waldir Azevedo (“Pedacinhos Do Céu”) e Orlando Silveira (com “Perigoso”, em parceria com Esmeraldino Salles) –, e os próprios músicos apresentam um maxixe de sua lavra, “Bonitinho”, tema de hoje. Nele, ora é Yamandu quem sola sobre a harmonia “dominical”, ora é Dominguinhos que, na segunda parte do tema, em tom menor, paira sobre o baixo do 7 cordas de Yamandu. Entre outros temas, o disco traz também mais composições solo dos instrumentistas: do gaúcho, a típica “Bagualito” e, do sanfoneiro de Garanhuns, “Domingando”, o delicioso “Xote Miudinho” e “Te Cuida Rapaz” (esta, com Pedro Raimundo). Três anos depois, o duo se reencontrou num novo álbum, propriamente intitulado Lado B, dando vida a composições menos conhecidas.