71. Leandro Braga: “Ô Abre Alas”

No rastro do sucesso da minissérie global Chiquinha Gonzaga, exibida em 1999, o pianista Leandro Braga apresentou, no mesmo ano, A música de Chiquinha Gonzaga. Com extrema confiança, o músico paulista concentra algumas das peças mais familiares de Chiquinha logo no início do álbum, que abre com uma versão jazzista para “Atraente” (com auxílio do percussionista Zero Telles), recorda o famosíssimo “Corta-Jaca”, segue com uma releitura abolerada para “Machuca”, convida Leila Pinheiro para cantar a linda “Lua Branca” e comove pra valer com “Planjente” (também grafada como “Plangente”), irrepreensível. A partir daí, seguem-se alguns números menos conhecidos: Leandro cai no samba com “Não Venhas” e “Menina Faceira”; relembra as bem-humoradas (e praticamente vinhetas) “Annita” e “Não Insistas, Rapariga”; divide a cena com o baixista Adriano Giffoni na valsa “A Corte Na Roça” e na delicadíssima “Maria”; e se apresenta solo em “Os Namorados Da Lua”, composição de uma Chiquinha mais madura, segura e, portanto, ousada. O disco traz também, no encerramento, uma homenagem autoral à compositora, “Minha Cara Francisca”, não sem antes propor uma interessante releitura (quase uma fantasia) para “Ô Abre Alas”, agora mais austera, despida de seu sabor festivo – e, por conta de sua originalidade, a faixa é nosso tema de hoje.