99. Quinteto Armorial: “Ária (Cantilenas De Bachianas Brasileiras nº 5)”

O Quinteto Armorial é a expressão de música camerística do Movimento Armorial, idealizado, entre outros, por Ariano Suassuna, na época em que coordenava um núcleo de extensão na Universidade Federal de Pernambuco. O Movimento buscava revitalizar as diversas manifestações artísticas nordestinas, tratando de expressar em termos eruditos a cultura popular que, então, aparecia na forma da literatura de cordel, dos versos dos cantadores, dos diversos ritmos que acompanhavam as encenações folclóricas, das artes plásticas em xilogravura e tapeçaria, etc. Em sua concisa discografia, o Quinteto refez temas do domínio público, ao lado de composições originais (inspiradas na musicalidade pernambucana) e de releituras, como esta que o conjunto preparou sobre a clássica “Ária (Cantilena)” de Villa-Lobos – vertida para um arranjo chorão por Antônio José Madureira (no autointitulado álbum de estreia, de 1978) e que certamente agradaria ao maestro compositor das Bachianas brasileiras. Na verdade, não há muito de choro no Quinteto Armorial, que prefere entoar toques de festejos religiosos, temas de cheganças (ou marujadas), aboios, galopes, duelos entre instrumentos tipicamente nordestinos (pífanos, zabumbas, rabecas – e, eventualmente, violinos mesmo, pelo punho de Antonio Nóbrega –, violas, berimbaus e o maravilhoso timbre de seu parente marimbau), improvisos, repentes, cirandas, maracatus e até bailados e serestas que trazem uma inconfundível influência ibérica (como se pode escutar, nesse disco de 1978, no “Romance Da Nau Catarineta”). Em resumo, na ponte entre o folclore e o erudito, entre Nordeste e Europa, quem sai ganhando é a própria cultura brasileira.

3 replies to “99. Quinteto Armorial: “Ária (Cantilenas De Bachianas Brasileiras nº 5)”

  1. Rapaz, tem que ter um aviso no post alertando que o consumo desta cantilena pode ter efeitos colaterais como palpitação, boca seca, pensamentos desorganizados, afloramento de sentimentos. Haja estrutura!

    O enredo da Beija-Flor em 1995 foi Bidu Sayao (“Nesse palco surge ela, Bidu Sayão; Sacudindo a passarela, quanta emoção; E a minha Beija-Flor, vem aplaudir; Bachianas e O Guarani!). Foi por aí que cheguei nessa obra prima.

    Curtido por 1 pessoa

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