3. Quarteto Novo: “Algodão”

Se você gosta de MPB, principalmente dos artistas revelados à época dos grandes festivais, com certeza já escutou algo do Quarteto Novo. Trata-se do antológico conjunto que acompanhou Edu Lobo e Marília Medalha na execução campeã de “Ponteio”, no Festival de Música Popular Brasileira (ou simplesmente Festival da TV Record) em 1967. Na verdade, o Quarteto guarnecia ninguém menos que Geraldo Vandré, e gravou um único LP, autointitulado, com repertório majoritariamente constituído por composições do autor de “Caminhando” – e algumas delas aparecem, em versões cantadas, em sua discografia. A sonoridade buscada pelos quatro músicos – Airto Moreira (bateria e percussão), Theo de Barros (violão e baixo), Heraldo do Monte (viola e guitarra) e Hermeto Paschoal (flautas e teclados), sendo que há posts vindouros, aqui, ao menos para os três últimos – tem algo da liberdade do jazz, da música brasileira contemporânea de então e, principalmente, das tradições nordestinas sertanejas. Muitas das faixas, especialmente aquelas do lado-A, têm um clima verdadeiramente de western tupiniquim (e talvez não seja um acaso que o melhor filme brasileiro do gênero nos últimos tempos, Bacurau, tenha em sua trilha Vandré com o Quarteto, com “Réquiem Para Matraga”). Já o lado-B é mais explicitamente jazzista, vide as faixas “Síntese” e “Misturada”. Como tema de hoje, escolho a única faixa não composta por algum membro do Quarteto ou por Vandré: “Algodão”, um épico agreste cheio de nuances de variações dinâmicas, da lavra de Gonzagão e Zé Dantas. A execução é tão maravilhosa, e a composição tão boa, que seus sete minutos passam voando.

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