19. Antonio Carlos Bigonha: “Cabaré Alterosa”

O Subprocurador-Geral da República Antonio Carlos Bigonha chegou a ser cotado, em 2023, como o PGR indicado por Lula. Mas isso não interessa tanto aqui. Importa é que o mineiro, que também possui formação acadêmica em piano, uniu-se a outros dois grandes músicos, o baixista Jorge Helder e o percussionista Jurim Moreira, lançando em 2018 o álbum Anathema. São 12 temas instrumentais com verve jazzística, mas de fácil assimilação, sem grandes lampejos virtuosísticos, pelo contrário, apostando na delicadeza das melodias e na fluidez do pulso, mesmo em momentos de maior placidez. Junto do jazz – que, em forma mais tradicional, comparece apenas na faixa de abertura, “Aribu” –, outros gêneros se fazem ouvir: a bossa, em “Que Ironia” (única composição que Bigonha divide com um parceiro, Clodo Ferreira) e “A Ilusão Do Migrante” (iniciada com lindos arpejos no piano); as baladas, representadas por “Doce Manhattan”, “Fim De Tarde Da Paixão” e “Caminho Dos Búzios” (esta, também com algumas passagens bossa-novistas); duas valsas belíssimas, “Hild Angel” e a curtinha “Paisagem Da Memória”; uma canção de ninar jazzy (“Lullaby”); e um baião (“Mestre Danadinho”, que fecha o disco). Em meio a um repertório tão diverso e qualificado, é difícil apontar destaques, mas confesso que toquei-me especialmente com a faixa-título (na verdade, grafada como “Anátema”), que tem um quê de samba e se converte, lá pelas tantas, num número cheio de suingue funky. Porém, o tema de hoje será “Cabaré Alterosa”, que investe, surpreendentemente, ainda em outro gênero: a marcha-rancho. O título da elegante e saudosista composição, parece, alude ao poema “Cabaré Mineiro”, de Drummond.

Deixe um comentário

Crie um site como este com o WordPress.com
Comece agora
close-alt close collapse comment ellipsis expand gallery heart lock menu next pinned previous reply search share star