22. Baden Powell: “Abertura”

A história é conhecida e vale apenas mencioná-la de passagem: em 1990, dez anos após a morte de Vinícius de Moraes, um banco patrocinou a regravação do clássico Os afro sambas (1966), dando carta branca para que o remanescente Baden Powell dirigisse a revisão do repertório e a seleção dos músicos. Acabou que o violonista recriou o disco original, convidando novamente o Quarteto em Cy para os vocais, e com um resultado fabuloso, já que o avanço da tecnologia de gravação permitiu maior clareza e riqueza tímbrica às faixas, cujos arranjos permaneceram praticamente intactos. Ainda, às oito composições do disco de 66, Baden adicionou mais três: o primeiro afro-samba que compôs com o Poetinha, “Labareda”; uma fantasia sobre “Berimbau”, outra composição alinhada ao projeto lírico e estético de Os afro sambas; e nosso tema de hoje, “Abertura”. Logicamente, trata-se do som que inicia os trabalhos de Baden e companhia, flagrando o violonista, sozinho, numa viagem por vários números que viriam a seguir, iniciando com o “Canto De Iemanjá” e passando por “Tristeza E Solidão”, até finalizar com “Consolação” – que, inexplicavelmente, não foi incluída, como faixa à parte, na regravação do álbum. De toda forma, é um prazer enorme ouvir Baden, com seu bordão afinado em Ré, explorar o caráter modal de suas composições com Vinícius, de forma espontânea e completamente à vontade, quase como se estivesse num espetáculo de jazz. A nova versão de Os afro sambas, depois de distribuída como brinde aos clientes do tal banco, foi lançada na França e ganhou versão brasileira apenas em 2008, graças à gravadora Biscoito Fino.

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