24. Os Paralamas do Sucesso: “O Passo Do Lui”

O segundo álbum d’Os Paralamas do Sucesso, O passo do Lui (1984), é um dos pontos altos do rock nacional. O disco é impecável e representa uma enorme evolução diante do álbum de estreia do conjunto carioca (com um pezinho em Brasília), Cinema mudo (1983), que abrigava sucessos do quilate de “Vital E Sua Moto” e a faixa-título.

Ali, já estava definida a sonoridade do trio em seus primeiros anos, donde vinha a inevitável comparação com o som do The Police (e João Barone é, inegavelmente, o Steve Copeland brasileiro), mas a produção flagrava uma banda ainda se encontrando no estúdio, com timbres oitentistas que ofuscavam a qualidade (e o peso) de composições como “Química” (cedida pelo amigo Renato Russo, que também assinava a letra de “O Que Eu Não Disse”, gravada com a participação de Lulu Santos na guitarra) e o tema instrumental “Shopstake”.

O passo do Lui ia além, sedimentando um som cru, com guitarras encorpadas (e menos dependentes de efeitos) e o devido destaque para a sensacional cozinha de Barone e Bi Ribeiro, cujo entrosamento é fundamental para a pulsação do ska, gênero que, então, o trio abraçava com afinco – inclusive, intitulando um dos hits do disco, gravado com o saxofone de George Israel, do Kid Abelha.

Além de “Ska”, O passo do Lui trazia outras composições (quase todas assinadas exclusivamente pelo vocalista e guitarrista Herbert Vianna) cuja presença permanece obrigatória nos shows dos Paralamas: “Óculos” (com sua letra engraçadinha e seu jeitão de “The Police do Caribe”), “Meu Erro” (sucesso supremo do trio e que já convence em seus cinco segundos iniciais, trazendo ainda uma coda instrumental deliciosa, recurso empregado em sucessos vindouros, como “Uns Dias” e “Lanterna Dos Afogados”), “Fui Eu” (ska pouquíssimo convencional e a faixa mais próxima da new wave), “Romance Ideal” (agora, “Police tocando The Smiths”, resultando numa sonoridade meio datada, o que só aumenta o charme do momento mais melancólico do álbum), “Mensagem De Amor” (rock meio surfista, meio punk, com letra e harmonia interessantíssimas) e “Me Liga” (que, com sua delicadeza de bossa-nova pós-punk, contrabalança o peso da faixa anterior), além dos lados-B “Assaltaram A Gramática” (reggae com letra genial de Wally Salomão e música de Lulu Santos, antecipando a virada sonora dos Paralamas em seu álbum seguinte, Selvagem?, de 1986), “Menino E Menina” (outro ska meio caribenho, mas também com um toque de África) e nosso tema de hoje, “O Passo Do Lui”.

Esta, que é a faixa de encerramento do LP, é mais um ska divertidíssimo, de natureza vocal-instrumental, com o toque do saxofone de Leo Gandelman. Curiosidade: “O Passo Do Lui” traz o primeiro registro vocal de Renato Russo (então, apenas iniciando as gravações do disco de estreia da Legião Urbana), que, ao finalzinho da faixa, solta um animado “Vaaaaaaai Luuuuuuui!!!”.

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