26. Pixinguinha | Clementina de Jesus | João da Baiana: “Aí Seu Pinguça”

Janeiro de 1968. Em três noites, três grandes nomes da música brasileira estão reunidos para gravar 16 faixas, das quais sobrariam 12, para um disco que, hoje, é mais do que clássico. Gente da antiga, que junta Pixinguinha, Clementina de Jesus e João da Baiana, com o perdão do clichê, é um legítimo e indispensável documento sobre a arte brasileira. Ali, aparecem choros, lundus, sambas e corimas se (con)fundindo, tudo isso movido pela energia de grandes músicos, a começar por Manoelzinho da Flauta (em duelos/duetos magníficos com Pixinga), Nelsinho no trombone, o trio Canhoto-Dino-Meira (respectivamente, cavaquinho, 7 cordas e violão), além dos muitos coristas e ritmistas, como o Mestre Marçal e Nelson Sargento. As composições incluem peças cantadas e instrumentais de Pixinguinha, temas afro ditos “folclóricos” e criações de João da Baiana, a exemplo de “Batuque Na Cozinha” – extensamente regravada, inclusive vindo a intitular outro álbum obrigatório, lançado por Martinho da Vila quatro anos depois. Os temas instrumentais são todos de Pixinguinha: a faixa de abertura, “Os Oito Batutas”, composta nos anos 1920, quando o maestro organizava o conjunto assim intitulado; “Elizeth No Chorinho”, então recentíssima, homenageando sua cantora favorita; e “Fala Baixinho”, choro dolente composto para a enfermeira que o assistiu quando de um infarto em 1965. Há um quarto tema de Pixinguinha, que não é exatamente instrumental, tampouco deixa de sê-lo: “Aí Seu Pinguça”. Choro obrigatório em toda roda, por mobilizar a plateia no breque, é nosso tema de hoje, sendo assim descrito no release do álbum, assinado por Herminio Bello de Carvalho:

Seu Pinguça era um festeiro. […] Quando se tocava um choro, era o primeiro a tirar uma dona. Então, quando havia uma paradinha na musica, ele dava uma quebrada de corpo e a turma gritava: ‘Aí seu pinguça’. Tal como faz o choro nesta gravação. A composição é recente.

Tive o privilégio de, numa tarde de 2019, durante um churrasco que reuniu grandes amigos, ter participado (ao pandeiro, que apenas arranho) de uma roda de desconhecidos. Lá pelas tantas, mandamos “Aí Seu Pinguça”, que saiu certinha, do começo ao fim. Este post vai para dois camaradas que lá estavam – e que nunca aparecem por aqui!

2 replies to “26. Pixinguinha | Clementina de Jesus | João da Baiana: “Aí Seu Pinguça”

Deixe um comentário

Crie um site como este com o WordPress.com
Comece agora
close-alt close collapse comment ellipsis expand gallery heart lock menu next pinned previous reply search share star