29. Eduardo Agni: “Another Silence”

Conheci a obra de Eduardo Agni por conta de uma aproximação com o universo new-age, mas é injusto rotular sua música. Impondo ao violão técnicas como o tapping e o zig-zum, o músico cria melodias e arpejos que, solares ou sombrios, são sempre marcantes. Em seus projetos, a instrumentação é minimalista, geralmente dispensando a percussão (até porque o pulso é, muitas vezes, marcado pela própria profusão de notas batidas no braço do violão), às vezes recorrendo ao piano e às vocalizações de convidados. É isso o que o ouvinte encontrará, por exemplo, no álbum Presságios (2007), composto pela suíte-título, em sete movimentos, as duas partes de “Agreste” (de fato, bastante nordestinas, com menções à capoeira e ao baião), mais cinco faixas cujos títulos dão uma boa mostra da diversidade rítmica explorada por Agni: “Entretango”, “Baião De Um”, “Lamento”, “Jaya Borum” e “Another Silence”. Esta última, nosso tema de hoje, convida Flávio Venturini para os vocais, que são muito sutis. Chama muito mais a atenção, na faixa, o som quase hipnótico do violão tocado com o zig-zum. Na verdade, essa composição de Agni retoma temas de outro disco, Um outro silêncio (1999), título que nomeia uma suíte em três partes (Flávio, inclusive, também participa de “Um Outro Silêncio III”), e cujo motivo principal, antes tocado de forma ortodoxa, agora é explorado de forma mais inovadora e impressionante. O arranjador de “Another Silence” é Guga Bernardo e os outros músicos convidados são Fábio Sá no contrabaixo e Teco Cardoso no sax.

Em 2015, o tema foi relido em A way beyond, de forma mais dinâmica, e com sons ambientes em seus segundos iniciais, como ocorria, muito à John Cage, em “Um Outro Silêncio I”:

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