35. Chico Buarque: “Prólogo (O Elogio Da Traição)”

Chico Buarque dispensa apresentações, cabendo-nos apenas destacar um título de sua discografia, Chico canta (às vezes grafado como Chicocanta e/ou acrescido do subtítulo O elogio da traição). Lançado em 1973, nos interessa, em especial, por conter nada menos do que três temas instrumentais. Surgido como decorrência da peça teatral Calabar: o elogio da traição, de Chico e Ruy Guerra, o disco traz algumas faixas bastante conhecidas, como “Tatuagem”, “Fado Tropical” e “Não Existe Pecado Ao Sul Do Equador”. No entanto, por conta da censura, duas composições acabaram com letras inteiramente proibidas, aparecendo, portanto, em versões instrumentais que acabariam se somando ao “Prólogo (O Elogio Da Traição)”, obra que abre o disco e é o nosso tema de hoje. E que prólogo! A faixa mais parece um pot-pourri de temas diversos, contendo quatro seções bem delimitadas: o início, quase como uma trilha circense em compasso binário; a passagem pelo nordeste, num xaxado jazzístico; um surpreendente rock funkeado, triunfante, para o brilho dos metais; e a misteriosa coda, cheia de drama e, principalmente, suspense. Tema lindíssimo! Mas as instrumentais involuntárias também não fazem feio: “Ana De Amsterdam”, com um pé no rock psicodélico setentista; e “Vence Na Vida Quem Diz Sim”, a mais curta de todas e também roqueira, com um balanço soul e uma melodia divertida, cantada pelo som dos metais. Infelizmente, a ficha técnica do disco não traz informações sobre os músicos, apenas dando os créditos ao arranjador, ninguém menos que Edu Lobo – e que faz, em Chico canta, um trabalho impressionante.

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