40. Moraes Moreira: “Guitarra Baiana”

Egresso dos Novos Baianos no ano anterior, em 1975 Moraes Moreira iniciou sua bem-sucedida carreira solo, com um LP autointitulado. Moraes Moreira é um discão que parece olhar mais para trás do que para frente, mesmo assim, já preparava o terreno para uma obra mais original nos anos seguintes. A faixa de abertura é um rock com jeito de repente (ou seria o contrário?), “Desabafo E Desafio”, mostrando que os instrumentistas que então acompanhavam Moraes nada deviam aos antigos companheiros Baianos. Ora, esses músicos logo ficariam conhecidos no Brasil todo, como A Cor do Som: o baixista Dadi Carvalho (na verdade, um novo baiano que permaneceu como escudeiro do amigo Moraes), o baterista Gustavo Schroeter e o guitarrista Armandinho Macedo. O conjunto ficaria completo com a entrada do irmão de Dadi, o tecladista Mú Carvalho, que não toca no álbum todo, mas cujo piano pode ser ouvido em “Do Som” – tema em que Moraes homenageia seus mestres, Jacob do Bandolim, Jackson do Pandeiro, Jorginho Gomes (irmão de Pepeu e quem lhe ensinou a tocar cavaquinho) e, claro, João Gilberto. Falando em mestres, Moraes Moreira traz uma inusitada colaboração com Luiz Gonzaga, “PS”, tendo como coautor, também, Galvão – aliás, o parceiro do ex-conjunto contribui, ainda, com o rock “Chinelo Do Meu Avô” e com a quase bossa “Anda Nêga”. Outros destaques são o heavy frevo “Loucura Pouca É Bobagem” e o samba que encerra o disco, “Violão Vagabundo”, mostrando que Moraes tinha um tino poético de primeira grandeza. Vale mencionar, também, a presença de “Se Você Pensa”, sucesso de Roberto e Erasmo, numa versão turbinadíssima pela guitarra inquieta de Armandinho. E é o guitarrista o grande protagonista de nosso tema de hoje, “Guitarra Baiana”. A faixa começa com um scat singing de Moraes delineando a melodia, a capella – e foi provavelmente assim que surgiu a obra –, até a entrada da própria guitarra baiana de Armandinho, acompanhada do baixo de Dadi, perfazendo mais um momento de encontro do frevo com o rock, mistura que tanto agradava a Moraes.

É claro que, neste projeto, falaremos mais de Armandinho, de Dadi, d’A Cor do Som e, claro, dos Novos Baianos.

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