76. Bufo Borealis: “Divino”

Bufo Borealis é o nome do projeto de jazz-funk (na falta de um rótulo melhor) idealizado pelo baixista Juninho Sangiorgio e pelo baterista Rodrigo Saldanha. Surgido na capital paulista na virada para a presente década, o duo lançou em 2022 seu segundo álbum, um quase-EP. Diptera traz seis faixas e flagra a cozinha disposta a criar a moldura ideal para que os outros músicos, que completam o sexteto, brilhem – são eles Anderson Quevedo (sax), Paulo Kishimoto (percursão e teclado), Tadeu Dias (guitarra) e Vicente Tassara (piano e teclado). As limitações técnicas, dos artistas que são mais habituados à simplicidade do rock (Sangiorgio é conhecido por tocar no Ratos de Porão e Kishimoto já acompanhou Pitty), quase não são percebidas pelo ouvinte, até porque o conjunto está mais preocupado em criar climas e ambiências do que em dar mostras de virtuosismo. As composições, todas na faixa dos cinco minutos (exceto a quase vinheta “Hermeto”, que homenageia uma das influências mais explícitas do Bufo, além de “Argila”, que encerra Diptera com uma viagem de mais de dez minutos), geralmente se apresentam em duas partes bem demarcadas. “Divino”, a abertura e nosso tema de hoje (de Quevedo, Sangiorgio, Kishimoto, Saldanha, Dias e Tiago Frúgoli), é um jazz-funk legítimo, que se abre a um pulso mais vibrante em seu segundo movimento. Por sua vez, “Grão”, que vem logo depois, começa de forma contida e propõe um crescendo na dinâmica, até ceder lugar a uma segunda parte viajada. A instrumentação está tinindo em “O Alfaiate”, faixa seguinte, com destaque para as guitarras e para o sax, enquanto que é a bateria que se sobressai em “Brejo” – pelo menos até sua segunda parte, que, confirmando o padrão dos outros temas, diverge do clima proposto em seus minutos iniciais. Diptera registra ainda duas participações especiais: do estadunidense Adam Scone tocando órgão em “O Alfaiate”, e do guitarrista Felipe Pagani em “Brejo”.

2 replies to “76. Bufo Borealis: “Divino”

    1. Ah, que legal, não sabia dessa outra banda! Boa dica. Quanto às cores, tô quebrando a cabeça aqui pra fazer esses meses de março e abril, já que laranja é uma cor complicada, não é nem vermelho, nem amarelo, fica nessa penumbra! Vamos ver se conseguimos manter a coerência estética nas próximas postagens!
      Abraço e grato pelo comentário.

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