Muitas das mais marcantes composições de piano fazem referência (ou reverência) à lua. Posso lembrar da” Sonata Ao Luar”, de Beethoven, assim como do “Clair De Lune”, de Debussy. Nós brasileiros também temos uma ode pianística ao astro prateado, “Lua Branca”, de Chiquinha Gonzaga, cuja introdução integrava o tema de abertura da minissérie Chiquinha Gonzaga, de 1999, o que a tornou conhecidíssima por muita gente que viveu os anos 1990. No toque de Maria Teresa Madeira (que dublava as mãos da intérprete da compositora, Regina Duarte, em diversas cenas da produção global), a singela peça encontra uma execução delicada e competente em Chiquinha Gonzaga, álbum também lançado em 1999 e iniciador da série Mestres Brasileiros (da gravadora de Marcus Viana, Sonhos & Sons). Assim, a modinha, que abre o disco, fica sendo nosso tema de hoje. Mas as demais interpretações de Maria Teresa – uma das maiores referências vivas do choro no piano, com o mérito de ter registrado a obra completa de Ernesto Nazareth – também merecem ser apreciadas, sendo que Chiquinha Gonzaga traz nada menos que 21 faixas, de diferentes gêneros. Lá estão valsas (“Dama De Ouro”, “Plangente”, “Cananéa”), polcas (“Atraente”, “Annita”, “Não Insistas, Rapariga”, “Viva O Carnaval”), tangos brasileiros (“Faceira”, “Bijou”, “Sedutor”, “Biónne”, “Tim Tim” e o obrigatório “Gaúcho”, também conhecido como “Corta-Jaca”) e um samba (“Fogo Foguinho”). Também aparecem peças que integravam os espetáculos teatrais A corte na roça (“Recitativo” e “Valsa”) e Forrobodó (“Quadrilha”, “Tema” e “Cordão”), além da imprescindível “Abre Alas” – espertamente alocada no encerramento de um álbum não apenas agradável aos apreciadores do piano solo, mas que contribuiu e contribui para difundir a obra de uma de nossas principais compositoras.
Mais uma do nosso repertório, Demorô!
Obrigado Rafael Mori Miyagi! (me perdoe a heresia de postar uma letra no tema instrumental).
Ó, lua branca de fulgores e de encanto
Se é verdade que ao amor tu dás abrigo
Vem tirar dos olhos meus, o pranto
Ai, vem matar essa paixão que anda comigo
Ai, por quem és desce do céu, ó, lua branca
Essa amargura do meu peito, ó, vem, arranca
Dá-me o luar de tua compaixão
Ó, vem por Deus, iluminar meu coração
E quantas vezes lá no céu me aparecias
A brilhar em noite calma e constelada
A tua luz então me surpreendias
Ajoelhado junto aos pés da minha amada
E ela a chorar, a soluçar, cheia de pejo
Vinha em seus lábios me ofertar um doce beijo
Ela partiu, me abandonou assim
Ó, lua branca, por quem és, tem dó de mim
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Muito bom, meu chapa! Apesar da “heresia”, a poesia é linda, aliás, como toda boa modinha tem que ser.
Nos últimos dias teve bastante choro, com peças do Dilermando e do Nazareth. Amanhã aparecerá um chorão diferente, que poucos ouviram. Espero que você e o Demorô apareçam pra comentar!
Abração e grato pela visita.
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