106. Projeto Nó: “Caiu Do Balaio”

O Projeto Nó é um curioso trio de jazz, já que sua formação poderia, muito bem, ser a de um power trio roqueiro: André Brasil nas guitarras, Diego Berquó na bateria e Tiago Andreola no baixo. Tudo bem que o baixo é sempre fretless e que André diversifique bastante seus timbres (inclusive vindo a tocar o que chama de “gambiolutheria”, e entendedores entenderão); ainda assim, os rapazes sulistas chamam a atenção pela proposta jazzística diferenciada, com um som encorpado e guitarreiro. O primeiro álbum do conjunto, Saudação (2021), tem ainda outro atrativo: cada uma das sete faixas – que narram o cotidiano de um personagem anônimo, do “Despertar” ao “Crepúsculo”, por sinal, as duas composições mais climáticas e talvez menos representativas da sonoridade do disco – é acompanhada de belas telas, em tons acastanhados (pois os pigmentos usados são à base de terra), da artista plástica Ana Lúcia Perin. Quanto ao som, o Projeto Nó vibra com ritmos brasileiros e tempero afro, sendo curioso como André, o compositor de todos os temas, constrói melodias também com acordes, às vezes, lançados de forma estridente e quase percussiva. Assim, entre o baião “Dormindo Na Caçamba” e “Reencontro” (conduzida no compasso do alujá, ritmo iorubá, e com o músico nigeriano Idòwú Akinrúlí na percussão), aparecem a pulsante “O Trabalho”, o ijexá-jazz “A Feira” e o tema de hoje, “Caiu Do Balaio”, que adiciona no mesmo caldeirão maracatu, samba e blues – e o resultado é saborosíssimo.

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