107. Carlos Marajó: “Boleraço”

Nos anos 1980, uma série de discos intitulados Guitarrada ajudou a consolidar o gênero, já explorado por nomes como Mestre Vieira e Aldo Sena. Consta que as faixas eram da lavra de um certo Carlos Marajó, embora pesquisa posterior tenha revelado que, ao menos em parte delas, o solista era ninguém menos que Sena. Ouvindo o primeiro volume da série, lançado em 1983, observa-se uma guitarrada ainda muito regionalizada, sem energia para dominar o Brasil a partir do Pará, como vimos acontecer no início deste milênio. As melodias ainda não eram exatamente inventivas, por vezes, fazendo as faixas soarem monótonas, como se ouve logo no início do disco, com o “Melô Do Reizinho” e a “Lambada Do Rancho”. Mas, lá pelas tantas, a sonoridade se diversifica um pouco, vide o “Melô Do Arco-Íris” e “Som Cristalino”. Ainda, há faixas com nomes engraçados, refletindo o tom festivo do disco, como a impagável sequência “Lambaxote”, “Lambada Do Lambadeiro” e “Boleraço” – que, por seu frescor jovem-guardista, tomo como tema de hoje. Apesar da precariedade técnica da gravação (aliás, às vezes, as guitarras soam inaceitavelmente desafinadas), vale como registro histórico.

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