114. Orquestra Brasileira de Música Jamaicana: “Onde É Que Eu Vou Parar”

A Orquestra Brasileira de Música Jamaicana chegou, até mim, mediante sua inusitada versão para “O Guarani”, de Carlos Gomes. Nessa mesma época (2012), tive a oportunidade de curtir um show dos músicos paulistanos, no Sesc São Carlos, que displicentemente… perdi. Uma pena! O que importa, a nós, é que os rapazes permaneceram na ativa desde então, inclusive soltando um discaço em 2023. Maior, como o título sugere, procura ampliar os horizontes musicais do grupo, harmonizando a música da Jamaica com os gêneros da América Latina e, principalmente, com a música que se faz nos estados mais ao norte do Brasil. Assim, sintomaticamente, o disco abre com “Pachamama”, descrito como um reggae andino (trocando a zampoña pelo afinadíssimo naipe de metais da banda), e a latinidade se faz escutar também em “Coisa Delícia”, mistura de soka e merengue, e “A Los Hermanos”, cúmbia com a participação do saudoso músico soteropolitano Letieres Leite na flauta. Letieres, por sinal, foi uma referência fundamental da música baiana, também representada em Maior, graças ao samba-reggae “Vai”, que traz Luiz Caldas solando sedutoramente em sua guitarra distorcida – e o único defeito da faixa é sua curta duração. Outros destaques são o reggae “Estrela Maior” (que é quase canção, por ter a participação da cantora Laylah Arruda), além de dois skas com sabor western, “Saudade” e “Monfalcone” (esta, explicitamente homenageando Ennio Morricone). E entre outros bons momentos de regueira e rocksteady, escolho, como tema de hoje, “Onde É Que Eu Vou Parar”: nada menos que uma deliciosa guitarrada, cheia de metais e volume, com o apoio de Felipe Cordeiro na guitarra. Como grande parte do repertório da Orquestra Brasileira de Música Jamaicana, a faixa foi composta pelo guitarrista Sergio Soffiatti.