113. Nonato Luiz: “Rosa”

O choro da madeira (1999), do violonista cearense Nonato Luiz, traz exatamente o que seu bonito título indica: um repertório chorão de altíssima qualidade, adaptado para violão solo. Nonato tem uma técnica bastante característica, preferindo timbres cristalinos, o que faz seu violão soar, às vezes, como um piano. É interessante, assim, ouvir o violonista se propor a tocar choros que, para um ouvinte menos atento, poderiam soar, perfeitamente, como peças de violão clássico. Isso fica muito evidente nas três faixas de abertura, autorais, as belíssimas “Violão Na Intimidade”, “Samba Choro” (minha preferida, das três) e “Choro Dos Arcos”. A partir daí, o disco intercalará composições próprias com releituras para clássicos como o “Choro Negro” de Paulinho da Viola e Fernando Costa e “Sampa” – legítimo choro-canção de Caetano, numa bonita versão instrumental que fecha o disco. Dos mestres obrigatórios em qualquer repertório de choro, estão João Pernambuco (“Sons De Carrilhões”), Garoto (“Gracioso”, numa versão tecnicamente perfeita) e nosso tema de hoje, a valsa “Rosa”, de Pixinguinha. O destaque vai para o emprego da técnica dos harmônicos artificiais cantando a melodia que corresponde ao verso “Tu és divina e graciosa”. Feita para soar na flauta, a melodia adquire ares quase mágicos nas mãos do experiente Nonato – que, em O choro da madeira, ainda inscreve, definitivamente, uma obra sua em meio a tantos clássicos do choro, o complexo “Choro Acadêmico”.

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