116. Os The Darma Lóvers: “Laranjas Do Céu (Instrumental)”

Uma matéria de quatro páginas, na revista Showbizz (edição 190, maio de 2001) e assinada por Emerson Gasperin, me revelou a existência d’Os The Darma Lóvers. O texto apresentava o casal Yang Zan e Nenung, descrevia sua rotina no Chagdud Gonpa Khadro Ling (templo dedicação à tradição do budismo tibetano em Três Coroas, a menos de 100 km de Porto Alegre) e explicava suas aventuras musicais como uma inusitada banda-casal, cujas composições exploravam os ensinamentos de Buda. Então, Os The Darma Lóvers eram produzidos pelo colega sulista Frank Jorge e, ao vivo, vinham abrindo shows de Wander Wildner. Gasperin explicava, ainda, que as composições autorais do casal possuíam uma base simples, folk, influenciada por Beatles e Mutantes (e eu acrescentaria, ainda, Walter Franco), quase sempre dispensando a bateria. Fiquei curioso, ao ler o texto, para conhecer a canção “Ir Além”, ali mencionada, e que era nada menos do que uma versão para “Fly Away” de Lenny Kravitz, estouradíssima nas FMs havia dois anos. Bem, só fui escutá-la muito tempo depois, quando inclusive já conhecia outras obras da dupla, como “Shiva” e “Peixes”. Laranjas do céu (2004), seu terceiro álbum, também mereceu uma escuta cuidadosa deste escriba, que se enamorou pelas letras de canções como “Bodisatva”, “O Buda Que Você Sou” e “Retirado” (do espirituoso verso “Fazer retiro é tão bom… mas dá uma dor no joelho!”). Destaco também a presença de pelo menos um rock dos bons, “Corpo” (que, em alguns momentos, e não por acaso, chega a me lembrar o som do britpop psicodélico do Kula Shaker), além da releitura originalíssima de “Quando O Sol Bater Na Janela Do Seu Quarto” (a composição mais budista de Renato Russo, inspirada num volume de A doutrina de Buda que encontrou na gaveta de um hotel, conforme explica o encarte do disco As quatro estações da Legião Urbana). Importa dizer que a faixa-título, composta por Nenung e abrindo o álbum, reparece, na metade do disco, numa versão instrumental (sendo nosso tema de hoje), explicitando sua sonoridade multicolorida e levemente etérea – o que, em algumas passagens, me remeteu ao dream pop do Cocteau Twins. Um diamante (vajra?) do pop nacional.

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