85. Maxixe Machine: “Oil Man (Instrumental)

Um conjunto chamado Maxixe Machine desperta a atenção já pelo nome travalinguístico e no qual transparece, também, certo conceito. Afinal, esses paranaenses debochados investem numa sonoridade acústica, intencionalmente datada, executando sambas, sambas-canções, boleros e polcas. As letras são o meio de expressão de crônicas, narrativas cotidianas e elucubrações mil, tudo isso perigosamente próximo do limite que separa o cômico do politicamente incorreto – aliás, se já não o ultrapassaram ao gravar, em seu primeiro álbum, Barbabel (1997), “Mulher Indigesta”, composição de Noel Rosa famosa pelos versos “Mas que mulher indigesta, indigesta / Merece um tijolo na testa”. A atitude, assim, é naturalmente punk, até porque o Maxixe Machine é a contraparte de outro conjunto roqueiro de relativo sucesso em Curitiba, o Beijo AA Força, de que já falamos aqui. Contar algo mais além disso é estragar a surpresa: o ouvinte precisa escutar (e se divertir) por si só. Assim, tomo hoje o álbum Maxixe Machine e seus ritmos elegantes (2004), que de fato encerra uma cartela diversificada de ritmos. Como no álbum de estreia, há uma seção especial para as versões instrumentais de algumas das faixas. Destes “galantes karaokês” (como queiram), escolho “Oil Man” (de C. Becker, Edson de Vulcanis, Thadeu Wojciechowski, Ubiratan Gonçalves, mais o vocalista e violonista Walmor Góes), ode a um dos mais inusitados personagens curitibanos, alter ego do professor e biólogo Nelson Rebello, que pedala quase naturisticamente (trajando apenas uma já icônica sunga vermelha, e exibindo um corpo besuntadíssimo de óleo) pelas ruas da capital paranaense. A canção, cuja letra narra os inacreditáveis e supostos feitos desse herói urbano, é sustentada por uma base instrumental meio blueseira, um pouco melancólica. Curiosamente, no refrão, há um crescendo acompanhado de alguns floreios um tanto flamencos, o que é pra lá de adequado à figura quixotesca do homenageado.

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